Olá..
Bom, como eu havia prometido, estou escrevendo porque acredito que fique mais fácil concluir as idéias. Fiquei pensando naquilo que a gente conversou do aterro e a forma como venho pensando sobre as coisas tem mudado muito com o tempo.
Eu já pensei bastante como vcê há alguns anos atrás, muito embora, eu não tenha o intuito de dizer que esse tipo de pensamento que eu tenha hoje é fruto da idade e que acaba sendo mais adequado. Longe disso, é mais por conversas que eu já tive, ou por chegar a algumas conclusões.
Pelo que vejo, vcê é comunista e a verdaade é que não precisa dizer o contrário, dá pra perceber isso do modo como vcê fala sobre todos os assuntos, sempre focalizando uma mesma vertente.
Eu fazia alguns grupos de estudos há alguns anos atrás, já fui comunista, já li diversos livros sobre o assunto o primeiro de prache para todos que querem estar inclusos no meio O MANIFESTO COMUNISTA.
Hoje eu penso em algo como um estilo de vida, porque o meu foco é sem dúvidas efetivar os pensamentos, trazer para algo concreto e de fácil acesso durante a minha vida, durante o tempo que eu permanecer aqui.
Partindo desse pré-suposto, do que EU focalizo, cheguei a algumas conclusões:
Em primeiro, eu não acredito que exista uma pessoa boa e despreendida, naturalmente. Mesmo que me digam, que o BOM e o MAL seja uma questão social, imposta e cultural, isso é o que a gente vivencia hoje, está impregnado no nosso cotidiano, dificilmente modificado (dai as pessoas dizem, AHH, DIFICIL MAS NÃO IMPOSSÍVEL! então, eu penso, SEJA PRÁTICO E ME DIGA COMO, como modificar esses conceitos).
Eu sempre começo uma discussão analisando a nossa sociedade e as corelações que ela faz com todo o mundo. Na minha opinião, ser comunista hoje em dia é inviável, pelo menos pra mim. Não há possibilidade de modificação da sociedade, porque ela tá toda emaranhada, enraizada, as multinacionais são quase incontáveis, toda a economia, a industria, a sociedade, tudo, está vinculado ao sistema vigente. Então, o que eu penso? Eu penso que a maneira, é amenizar isso. Amenizar, mas dar mais condições de vida para as pessoas, mas não estou falando apenas de dar um trabalho, mas dar condições de ser um ser PENSANTE, e não apenas um papagaio, mostrar que é apenas questão de escolha. Essa semana, eu conheci um hippie, quando fui viajar, ele disse que tinha todo um projeto de engajamento e construção de biblioteca pra cidade dele, no entanto, apesar de ser todo envolvido socialmente, embargaram o projeto dele, simplesmente porque ele tinha um estilo de vida totalmente alternativo e porque o povo quando lê, ele pensa e se ele pensa, cobra. Clichê, fato, mas já algum tempo não convivia com alguém que vivenciava isso. Na real, não sei se vcê sentiu, mas ele estava era fazendo uma crítica aos políticos.
Eu conheço pouquíssimas pessoas que tem valores tão fortes quando a viga de uma casa, que deixam de fazer as próprias coisas em benefício ao próximo, sem que a pessoa seja realmente amigo, ou que tenha o mínimo de vínculo. Não adianta, no intimo, o que todo mundo faz é favorecer os que estão ao seu lado. Eu mesma, acho que não tenho esse despreendimento, apesar de lutar todos os dias, almejando ser o melhor possível; Dalai Lama disse “Eu não prego uma revolução regiliosa, mas sim uma revolução espiritual” é no que eu acredito também.
Se vcê pensa em mudar a sociedade, em tornar um mundo um lugar mais viável para todos, tem que levar em consideração isso, e não apenas isso, mas o fato de saber onde começa o que é bom, e o que é ruim para uma pessoa. Eu não sei se te contei uma história, mas me marcou bastante: uma vez, eu estava comendo um lanche e tomando refri, e vi que um cara tava catando pão seco do lixo pra comer; no auge da minha boa vontade, eu peguei o refri e fui levar pra ele, ele me disse: Eu não quero isso, eu não preciso disso. Eu insisti e ele me mandou enfiar o refrigerante no cu. Consegue entender onde eu quero chegar?! Pra mim não é tão simples, sentar numa mesa e discutir o que é bom pra outra pessoa, quem dirá de toda uma sociedade. Então parto do principio que devemos interferir o minimo possível negativamente na vida de outra pessoa, embora seja extremamente uma aventura ardua e de finalização de objetivo praticamente impossível, por tudo, pelo modo de vida, pelos produtos que consumimos. Como ser,eu escolhi, deixar de lado aquilo que me fazia mal a consciência no dia seguinte, o que torna isso totalmente relativo de pessoa para pessoa.
Quanto ao aterro, se eu parar pra pensar no impacto ambiental, eu também penso que deve haver algum local que isso seja menos prejudicial, além do trabalho que deveriam fazer no já aterro do Botuquara, por ser um local que está impregnado com chorume que acaba contaminando o meio, o subsolo a água, enfim, sem falar nos metais pesados, no metano que poderia ser reaproveitado. O fato de ser uma empresa privada é o que menos me importa, apesar de achar que o estado é quem deveria dar esse subsidio, na real, sabemos que para atingir esse patamar, principalmente de alta qualidade, irá demorar bastante. Se o problema é o meio ambiente, almejar que seja o governo quem deve dar esse suporte, é no mínimo contraditório (isso a curto prazo). Para isso basta observar as estradas privadas e as rodovias federais, as escolas publicas e as particulares. Parando pra pensar em tudo isso, qual a eficiência real do governo a curto prazo? Não estou dizendo que esse tipo de situação não deva ser cobrada do estado, é obvio que deveria, mas temos que ser eficientes. O aterro vai ser construido, independente das passeatas que façamos, dos protestos, isso é uma empresa particular, não estão preoupados com o que ambientalistas pensam, (o fato de ser bom e ter bom senso) estão preocupados em ganhar dinheiro. O que temos que fornecer são propostas eficientes e práticas para que os nossos interesses sejam atingidos. O negócio era pegar o projeto do aterro e montar uma maquete, mostrar como ambos os objetivos poderiam ser atingidos, dar alternativas para as empresas. Provavelmente nem vcê esteja lendo mais até o final, então quem dirá outras pessoas lerem milhares de emails reinvindicando algo que elas nem acreditam? Ou “eco-chatos” fazendo passeatas de coisas que para eles são uma bobagem?
Teve um grande lider espiritual do povo vietnamita, durante sua longe luta de libertação, Ho Chi Minh que diz a seguinte frase: “Lembre-se que a tempestade é uma boa oportunidade para o pinheiro e o cipreste mostrarem sua força e sua estabilidade”. Jogue com as armas que todos tem, mas pense como nunca ninguém antes, seja eficaz.
No mais, acredito que é isso, se teve paciência para ler até o final, continuamos o papo, rs.
Beijão, se cuida! 🙂